sexta-feira, 12 de julho de 2013

Estávamos almoçando quando chegou um amigo nosso - Miguel.

Miguel acabara de chegar da Europa. Três anos lá. Maravilhosos. Acabara de voltar ao Brasil porque conhecera há dez meses Mônica. Apaixonara-se e voltava agora para o Brasil para casar com ela. Receberíamos o convite logo, logo.

É, a vida segue seu curso. Há um lógica nos acontecimentos de cada um. Eu teria de me encaixar nessa lógica. Apaixonada já estava... faltava marcar o casamento. Sorri um sorriso idiota quando esse pensamento me passou pela cabeça.

Por alguns instantes minha mente divagou... Noa deveria estar voando ainda. Dentro de algumas horas desembarcaria na África - de onde jamais voltaria. Então, eu que não tivesse pensamentos idiotas. Eu que me mantivesse com os pés bem no chão. Eu que me lembrasse da promessa a mim mesma: jamais casarei, jamais terei filhos... “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria”, é  assim que termina o livro que inaugurou o realismo no Brasil: Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, escrito em 1881, e tão atual como se tivesse sido escrito  hoje. Tão pessoal como se tivesse sido escrito pra mim.

E eu sorri... outra vez... E me peguei sorrindo ainda várias outras vezes nos dias que se seguiram.

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